terça-feira, 20 de julho de 2010

As flores e a estrada

Ela caminhava pela estrada, com calma. Prestava atenção em cada passo, nas pegadas que deixava para trás, e na leve poeira que levantava. Olhava para o céu, para as nuvens, ouvia os pássaros cantando e imaginava como seria voar. Era um lindo caminho, no horizonte, não haviam obstáculos, apenas as árvores de copa bem verde, com flores e frutos. A brisa batia em seu rosto, e lhe dava conforto. Era um caminho sem fim, sem destino, mas era um bom caminho. Ela sabia que não precisava de mais nada.
Por um momento desviou o olhar do horizonte e das árvores, e percebeu que, em meio a alguns arbustos, havia outra estrada. Uma estradinha estreita, com árvores debruçadas sobre o caminho, como uma capela. A terra era coberta pelas vívidas cores das pétalas caídas, e era possível ver alguns passarinhos comendo as frutas que estavam no chão. O ar era mais fresco, pois lá batia menos sol, mas a brisa não era tão macia.
Estava parada, olhando hora entre os arbustos, hora para a larga estrada de terra. Perguntava-se se deveria mudar de caminho. Estava indecisa, gostava muito do horizonte longo, mas também gostava muito das flores. Era difícil escolher, os dois caminhos pareciam tão bons e seguros. Como saber qual seria o melhor?
Por fim, decidiu tomar aquele mais estreito. Fitou-o bem por uma última vez antes de voltar a andar. Deu um longo suspiro, preparou-se para retomar sua caminhada. Foi quando um vento muito forte bateu, percorreu todo o corredor formado pelas arvores, levantou tanta poeira, que foi necessário fechar os olhos por alguns segundos. Quando os abriu novamente, as pétalas haviam sido varridas para longe, e em seu lugar haviam apenas folhas secas e acinzentadas. Uma leve tristeza lhe apertou o coração, lamentou por um momento.
Andava novamente na larga estrada de terra, observando a leve poeira, ouvindo o cantar dos pássaros, e imaginando como seria andar por uma outra estrada.